Quem acompanha o fórum, já se leu minha resenha sobre o ezbergrodeo do ano passado aqui: http://www.lidermotos.com.br/forum/view ... 42#p442442" onclick="window.open(this.href);return false; e sabe como eu defendo a causa dos trilheiros e o espírito desse esporte magnífico.
Assim como no post sobre o Ezberg, que foi inspirado numa conversa do grupo do whatsapp daqui do fórum, esse post também foi baseado numa conversa de lá, por isso, meus agradecimentos especiais ao Fabão, Santi, Igor, Jolz, Touche e outros que colaboraram para enriquecer a discussão. Se você quiser participar do grupo, se inscreva usando esse tópico: http://www.lidermotos.com.br/forum/view ... 97#p449197" onclick="window.open(this.href);return false;
Acabada a apresentação, vamos aos fatos: o Red Bull Minas Riders 2017 foi uma prova que teve de tudo para ser uma das melhores do calendário mundial do Hard Enduro: Ouro Preto tem uma paisagem urbana pitoresca, as trilhas são técnicas, fora a oportunidade de ver sumidades do esporte como Graham Jarvis, Alfredo Gomez, Webb....mas algo não estava cheirando bem desde o início.
E tudo começou com uma postagem no facebook do Wade Young informando que não iria participar do Red Bull Minas Riders porque a sua moto tinha ficado presa na alfândega brasileira. Aqui cabe um parênteses: como a Receita Federal do Brasil gosta de apreender motos offroad! Acompanhando o leilão dessas motos no próprio site da receita federal do Brasil, pude ver que elas são disputadas à tapa e saem no preço de mercado, praticamente. Um dia vou descobrir o que de fato acontece nesse leilão da Receita Federal, porque não tem sentido alguém arrematar uma motocicleta que foi apreendida à preço de mercado! Mas fácil pegar a moto de uma revenda que é obrigada a dar garantia, fornecer peças, etc, do que na receita federal que não garante nem mesmo se a moto está funcionando! No dia em que eu solucionar esse enigma, prometo que faço um post especifico, mas por enquanto, não vejo nenhuma vantagem nos leilões oferecidos pela Receita Federal de motos offroad.
Voltando ao Wade Young, ele disse que não participaria do Red Bull Minas Riders 2017, por problemas de alfândega (aqui: https://www.facebook.com/wadeyoungracin ... 94/?type=3" onclick="window.open(this.href);return false;) Achei estranho, mas como já disse a Receita Federal tem fome de motos offroad, achei esquisito, mas engoli o desfalque de um dos pilotos favoritos para vencer a prova.
Antes fosse o problema do Wade Young único.
A imprensa no Brasil, simplesmente ignora as provas offroad. A rede globo boicota a Red Bull há anos na F1, eles nunca falam Red Bull Racing, mas sempre RBR ao contrário da Ferrari e outras equipes. Pesquisei no estadão, na folha de São Paulo, no Uol, Terra, nada. Nenhuma menção sequer sobre o Minas Riders. O Brasil é um país com potencial de turismo offroad incomensurável, noticiar um evento assim, não é merchandising, no meu ponto de vista: é um colírio para os olhos, um good news. Merece uma nota de rodapé ao menos. Mas se não pagar a grande imprensa não se interessa, então o Minas Riders e outras competições offroad ficam na obscuridade. Uma verdadeira pena.
Se não bastassem esses golpes no Red Bull Minas Riders, fiquei sabendo através do whatsapp e confirmei a notícia em um portal alternativo de notícias offroad do Adauto (http://www.motoraid.com.br/minas-riders ... cancelada/" onclick="window.open(this.href);return false;) que a prova foi cancelada prematuramente por problemas com fiscalização.
É aqui que começa minha crítica: Nosso esporte precisa ser regularizado! As motos offroad deveriam ter placas. E o governo deveria de cobrar até mesmo uma taxa extra para cobrir com gastos de eventual degradação ambiental. Em contrapartida, há autorização para frequentar trilhas em áreas de proteção ambiental. A contrapartida é simples e é assim que funciona em alguns países.
Os eventos de forma geral também precisam de uma lei básica: hoje em dia, você tem que pedir autorização para a prefeitura, bombeiros, polícia, promotoria, gerente de apa, ibama, enfim, uma infinidade de órgãos que, caso somente um deles seja esquecido, pode barrar seu evento no meio, no momento em que está acontecendo, ao bel prazer de quem tem o poder para fiscalizar. E como então os eventos de grande porte acontecem? Assim como a Copa do Mundo e das Olimpíadas, grandes eventos acontecem na base do "jeitinho" brasileiro: eu conheço fulano que é "superior" a ciclano e vai garantir que tudo ocorra e as autoridades façam fiscalização básica ou nem fiscalizem.
O problema é que a falta de uma lei para eventos dá muita margem para a fiscalização fazer o que quiser, quando bem quiser. Quando a lei é clara, não existe margem pra "dar jeitinho". Ou é ou não é e pronto. Num evento, por exemplo se a organização seguir o que a lei pede, ninguém pode embargar.
Mas aí, meu amigo trilheiro, experimente ir atrás da "lei para eventos"... Entra prefeitura achando que é ela quem manda, entra polícia, bombeiros, promotores, gerente de apa e um monte de nego que tem poderes de mando... Enfim, se um desses personagens achar que não pode ter evento, não haverá. Mesmo que isso aconteça bem no meio do evento - trocando em miúdos, as autoridades não querem uma lei para eventos justamente para que os organizadores fiquem nas mãos delas, ou nas mãos do famoso jeitinho brasileiro, porque elas,as autoridades públicas não querem ceder seu poder de mando para a lei - e queria lembrar que a lei serve para resolver os problemas da sociedade e não criar mais problemas ainda!
Agora, acho muito difícil, depois da copa e olimpíadas que foram feitas na base do jeitinho, sem uma lei de diretrizes básicas para eventos, duvido que agora, surja alguma lei para resolver.
E eu não acho que isso seja motivo de revolta, de panelaço: o Povo brasileiro está trabalhando pra por comida na casa. Essas coisas os políticos são pagos para resolver, mas não resolvem, preferem
Na prática, na falta de um canal para reclamar, sobra pra gente ficar reclamando uns com os outros nas redes sociais na esperança que alguém escute e faça algo para resolver.
E para finalizar: o Red Bull Minas Riders foi cancelado antes da hora, por algum personagem que eu citei acima sem qualquer tipo de significância para eu e para você, mas que quis aparecer para dizer que ele/ela tem poder de mando, que a organização tem que seguir a lei (que lei?) quis ter mídia (que mídia? ninguém da grande imprensa cobre o Minas Riders) , enfim, para provar que não existe uma lei coerente que cubra eventos de grande e de pequeno porte no Brasil.
Nisso tudo, fico indignado não só pelo cancelamento do Minas Riders, mas por faltar o básico: nossa terra precisa de leis que sejam cumpridas tanto por nós meros mortais, mas também pelo próprio Governo e seus personagens, sem jeitinhos, sem propinas, leis claras o suficiente para que pessoas de outros países (e nós também) entendam e as sigam.
E não. Não acredito que haja outro Minas Riders ou outra prova de hard enduro no Brasil tão cedo. Infelizmente.
