CURSO BÁSICO DE NAVEGAÇÃO
PARA ENDURO DE REGULARIDADE
Elaborado por: www.tribosetrilhas.com
Carlos Eduardo Gonçales (Alemão)
Cópia autorizada, desde que mantido o Autor e o site acima.
Objetivo: Capacitar pilotos de trilha a participarem de provas de Enduro de Regularidade na Categoria Novatos B, onde a navegação é feita através de Hodômetro, sem o uso de Computadores de Bordo.
Realização: Loja www.TRIBOSeTRILHAS.com , a loja de Equipamentos Off Road mais barata da Net. Por: Carlos Eduardo Gonçales, piloto Tribos e Trilhas, trilheiro há mais de 18 anos e Piloto de Enduro de Regularidade de vários campeonatos, sendo terceiro colocado no Campeonato Paulista de Enduro de 2007.
Local e Data: Curso Teórico e Prático realizado em 10/02/2008 em Guararema-SP, local: Recanto da Traíra.
Resumo da História do Enduro de Regularidade: O Enduro de Regularidade é uma prova genuinamente brasileira, tendo sido criada por Ayres Augusto Mascarenhas, de Belo Horizonte -MG. Em 26/10/1975 ele realizou a primeira prova de Enduro de Regularidade do mundo na região de Macacos/ Nova Lima - MG. A prova teve 19 inscritos, sendo que 16 largaram e destes, apenas 7 completaram o trajeto, mesmo assim com 2 horas de atraso (fonte: Jornal Jeca-Jóia).
Até hoje os mineiros são famosos nessa modalidade. No início da década de 80, o Regularidade se popularizou bastante, sendo em 1983 realizado o primeiro Enduro da Independência, até hoje a maior prova do Brasil.
Nessa época, a navegação era feita com Hodômetros originais (analógicos), Relógios comuns e com Calculadoras, uma loucura. Não existia Road Book e as Planilhas eram em folhas soltas, presas a uma planilha de anotações comum, presa ao guidão. Imagine a poluição que era, pois a cada página que passava, o piloto arrancava a folha e jogava fora.
Portanto, em lugar algum do mundo você encontrará prova igual a nossa, o que existem são alguns Enduros Planilhados, contra o Relógio, mas com regras bem diferentes.
O que é o Enduro de Regularidade: Prova de longa duração, onde prevalecem a resistência e a Capacidade de Navegar do Piloto, além é claro, da técnica de pilotagem. Algumas provas, vão de um estado ao outro, como é o caso do Independência, que larga de São Paulo ou do Rio e chega em Minas Gerais, passando geralmente pelos 3 estados.
Nesse tipo de prova, o piloto tem 2 papéis: o de piloto (obviamente) e o de Navegador. Para um bom resultado, ele precisa se sair bem nas 2 coisas: se pilotar muito bem mas não souber navegar, um erro no trajeto pode comprometer toda a prova. Por outro lado, se navegar muito bem, mas se enroscar em obstáculos, também não terá bons resultados.
Planilha: Impressa em papel, a Planilha é como um “mapa” da prova, do roteiro a ser seguido, além disso, nela também constam os tempos ideais de passagem, a velocidade a ser seguida, os trechos, deslocamentos, neutralizados, avisos de perigo, enfim, tudo que o piloto precisa saber sobre a prova.
A planilha pode ser fornecida em folhas soltas, que o piloto deve colar com fita de forma a formar um “rolinho” para enrolar em Road Book, ou ainda pode ser fornecida em Bobina já enrolada, pronta para ser colocada no Road Book. Atualmente existem programas e impressoras que geram as planilhas em única Bobina já pronta, semelhante às impressoras de comprovantes de cartão de crédito.
Geralmente a planilha é entregue pelo organizador a partir da noite anterior a realização da prova, pois uma das características do Enduro de Regularidade é o desconhecimento do trajeto pelos participantes.
Simbologia: A simbologia desenhada na Planilha segue um padrão adotado para praticamente todas as provas. Além de seguir este padrão, o organizador deve ser o mais fiel possível nos desenhos, procurando ser o mais próximo da realidade, como os ângulos das curvas, posição de árvores, etc. Veja no exemplo abaixo:
Uma Cureca: ATENÇÃO
Duas Curecas: MUITO CUIDADO
Três Curecas: PERIGO MORTAL
ATENÇÃO: a alternância entre linha contínua e linha em Zig-zag pode ser usada apenas para representar a passagem de estrada para trilha, após a passagem para trilha, a mesma poderá ser representada por linha contínua, de forma que o desenho fique mais “limpo” e fácil de entender.
Trajeto e Referências: O trajeto a ser seguido na prova é representado na Planilha, através da simbologia padronizada, chamadas de “Referências”. Cada referência está associada a uma Quilometragem representada na Planilha. O piloto, ao observar que o seu Hodômetro indica o mesmo valor de quilometragem que aparece na planilha, deve seguir o caminho que a Referência (desenho) indica. Veja no exemplo abaixo:
OBSERVAÇÃO:
Quando não houver referência, continue na principal. Exemplo: você está na estrada principal e existe uma saída secundária à esquerda, mas nessa quilometragem a planilha não apresenta nenhuma referência. Neste caso, continue na principal até encontrar a próxima referência.
Road Books (ou Roll Books):
Fabricado em caixa metálica, possui 2 eixos para enrolar a Planilha. Pode ser do tipo Manual, onde na ponta de cada eixo existe um Botão, o qual o Piloto gira e a Planilha corre, ou pode ser Elétrico, onde um motor alimentado por bateria própria ou pela bateria da moto, gira os eixos, correndo a planilha.
No modelo elétrico, existem botoeiras próximas a Manopla, que permitem ao piloto correr a Planilha sem tirar as mãos do guidão (sem dúvida uma grande vantagem).
Veja alguns modelos de Road Book clicando no link abaixo:
http://www.tribosetrilhas.com/loja/prod ... tegoria=20
Hodômetros:
A indicação dos Hodômetros digitais é em Quilômetros com 2 casas após a vírgula, ou seja, possuem precisão de 10 metros. Exemplo: 6,32 quilômetros é o mesmo que 6.320 metros. 6,33 quilômetros é o mesmo que 6.330 metros.
Os Hodômetros digitais possuem, além da indicação de Quilometragem, indicação de velocidade e cronômetro.
Os Hodômetros originais das motos geralmente possuem precisão de 100 metros, exemplo: 6,3 quilômetros = 6.300 metros.
É possível participar de provas utilizando o Hodômetro original?
Sim, possível até é, já fiz isso nas minhas primeiras provas e consegui algumas colocações, como 5º lugar. Porém existem 2 problemas:
-Quando você estiver em uma referência de, por exemplo, 6,25km, seu hodômetro marcará 6,2 e depois 6,3, portanto, devido a menor precisão, você deverá ficar mais atento.
-A medição do hodômetro original não é precisa, será comum você chegar em uma referência de, por exemplo, 6,20 e ele indicar 6,10. Se for o da Tornado ou o da Lander que são digitais, você poderá corrigir este erro, mas se for o de ponteiro (analógico), não é possível corrigir.
Veja alguns modelos de Hodômetros e Navegadores clicando no link abaixo:
http://www.tribosetrilhas.com/loja/prod ... tegoria=36
Largada: Os pilotos largam um de cada vez, a cada 20 ou 30 segundos, dependendo do regulamento do Campeonato. A ordem de largada é previamente definida, através de numeração seqüencial entregue aos pilotos e colada na frente da moto (no Number Plate ou Carenagem), que pode ser definido por ordem de inscrição, sorteio ou definida de acordo com a colocação do piloto na última prova (também depende do Regulamento do Campeonato). O PC de largada deve controlar a saída de cada piloto dentro do horário de largada de cada um. Por exemplo, uma prova onde cada piloto larga a cada 30 segundos, definida para ser iniciada às 11:00h: às 11:00:00 larga o Piloto 01, às 11:00:30 larga o piloto 02 e assim por diante. O piloto que largar antes do seu horário, sofre a penalidade prevista no regulamento (perda de pontos ou até desclassificação).
No momento exato da largada, informado pelo PC de largada (ou pelo organizador) o piloto deve disparar o seu cronômetro e NUNCA deverá congelá-lo ou zerá-lo, pois será o seu tempo de referência até o final da prova.
Tempo: No regularidade, a regra é se manter no Tempo ideal indicado na Planilha (ou pelo menos o mais próximo dele possível). Para cada Referência da Planilha, existe um tempo ideal. Ao chegar em Cada Referência, o piloto deve observar o tempo que o seu cronômetro marca e comparar com o tempo indicado na Planilha. O ideal é que ele não esteja nem atrasado e nem adiantado, ou seja, que esteja no mesmo tempo indicado na Planilha. Veja no exemplo abaixo:
Velocidade: Cada Trecho da Planilha é percorrido em uma velocidade, por exemplo, um trecho de trilha travada exige uma velocidade menor. Se o trecho seguinte for um estradão, a velocidade exigida será maior. A velocidade é sempre expressa em múltiplos de 3, exemplo: 9 Km/h, 27Km/h, 33Km/h, 60Km/h, etc.
Na prática, a primeira variável que o piloto aprende a se preocupar é a Referência em Quilômetros, para se orientar se seguir o caminho correto.
A segunda, é o tempo, pois depois de percorridos alguns trechos iniciais é que o piloto vai se acostumando a monitorar o seu tempo em cada referência, para saber se está adiantado ou atrasado (geralmente está atrasado, isso é comum)
A terceira variável, a que o piloto demora mais para para se familiarizar, é a velocidade. Isso porque se ele estiver no Quilômetro certo e no tempo certo, sua velocidade estará certa (v = e / t). Já com bastante experiência, o piloto já consegue monitorar constantemente se está na velocidade ideal.
Deslocamentos: São trechos onde não existe uma velocidade definida e que não são válidos para efeito de competição. Geralmente são utilizados para se atravessar locais, como por exemplo uma vila muito populosa onde existiria o risco de um atropelamento.
No deslocamento, é dado um tempo (geralmente mais do que suficiente) para que este trecho seja atravessado sem necessidade de correr.
Neutralizado: os neutralizados são “intervalos” que existem na prova, seja para descansar, reabastecer, ou para “equalizar” um pouco a prova. Por exemplo, após um morro travado, existe um neutralizado de 3 minutos para que os que se enroscaram não fiquem tão distantes do demais pilotos, dando a chance do piloto se recuperar na prova.
Praticamente todas as provas possuem um Neutralizado mais longo, no meio da prova, de 30 minutos a 1 hora, para reabastecer (a moto e o piloto).
PC: Os Postos de Controle são pessoas da organização da prova, situados em locais estratégicos, desconhecidos dos pilotos. Ao passar por um PC, o mesmo anota o número do piloto e o horário de passagem. O PC faz parte da Organização da Prova e tem autonomia sobre os pilotos.
Se muitas motos chegarem ao mesmo tempo ao PC, o mesmo pode pedir que cada piloto aguarde até que seu número seja anotado. Lembre-se: é preferível perder alguns segundos aguardando a anotação do PC, do que não ser anotado e perder o PC (veja a pontuação abaixo).
Pontuação: Também depende do Regulamento de cada Campeonato, mas via de regra, para cada segundo que o piloto passa atrasado pelo PC, perde 1 ponto e para cada segundo que o piloto passa adiantado, perde 3 pontos. Existe uma tolerância de 5 segundos para atrasado, mas não para adiantado.
Por exemplo, se o piloto passa pelo PC no tempo 11:25:05 segundos e o tempo ideal (que aparece na planilha) é de 11:25:00, ele não perderá nenhum ponto. Porém, se passasse com 11:25:07, perderia 2 pontos, por estar 2 segundos atrasado (descontados os 5 seg. da tolerância).
Já se ele passasse com 11:24:55, ou seja, 5 segundos adiantado, perderia 5 X 3 = 15 pontos.
A não passagem por um PC acarreta na perda de 1800 pontos.
A passagem por um PC com atraso superior a 30 minutos acarretará na perda de 900 pontos.
A passagem pelo PC pelo sentido errado, é considerada como não passagem, acarretando na perda de 1800 pontos.
PC de Roteiro: visa apenas verificar a passagem do piloto e não o seu tempo, ou seja, se o piloto passar por este PC não perde nenhum ponto. Se não passar, perde 1800 pontos.
Apuração/ Resultado: Terminada a prova, é apurado o tempo de passagem de cada piloto em cada PC. O tempo de passagem real é comparado com o tempo ideal e a diferença vai somando pontos para cada piloto. Quanto mais fora do tempo o piloto estiver, mais pontos ele somará. Dessa forma, ao final da apuração, será vencedor o piloto que perdeu menos pontos na somatória de todos os PCs.
Observações apenas para este curso, que não são válidas para provas reais:
1) Se estiver perdido, aguarde no local onde está, pois o limpa-trilha passará pelo local ou próximo a você, ou volte ao último PC pelo qual você passou e peça orientação, ou ainda, vá atrás dos barulhos das outras motos.
2) Se ficar enroscado em algum local de difícil travessia, volte ao PC anterior e peça orientação ou aguarde o limpa-trilha.
3) Lembre-se: é apenas um curso básico, não é uma competição: mantenha o espírito esportivo e dê prioridade a sua segurança.
4) Em caso de quebra, aguarde o limpa-trilha. Ele o rebocará ou acionará o Carro de Apoio.
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Curso básico de navegação TRIBOS E TRILHAS-Escrito p/Alemão.
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