O entrevistado aqui é o Josivaldo (Zoreia), meu amigo, mecanico e companheiro de trilhas!
Matéria na integra:
1 - Cumpadre Zorêia, quantos anos voizmicê tem e aonde mora? Nasceu aonde?
Zorêia: Hoje tenho 33, moro em Maringá-pr, mas nasci em Mandaguari, também no estado do Paraná.
![Imagem](http://www.icronus.com.br/siquinelli/zoreia01.jpg)
2 - Como voizmicê perdeu a sua perna? Zorêia: Em 1986, aconteceu um acidente quando eu andava de bicicleta na garupa de um amigo de infância, ele bateu contra um caminhão e eu fui prensado contra o banco da bicicleta; o impacto afetou muitos órgãos internos e cortou uma artéria da minha perna.
![Imagem](http://www.icronus.com.br/siquinelli/zoreia02.jpg)
3 – Zorêia, há quanto tempo você faz trilhas? Eu ando de moto desde meus 17 anos, já são 16 anos, mas prático trail a apenas 2 anos.
4 - Você sempre fez trilhas com uma perna só, ou já chegou a fazer quando tinhas as duas? Bom, como eu disse acima, eu sofri o acidente ainda muito novo, quando iniciei no esporte eu já não tinha mais as duas pernas.
![Imagem](http://www.icronus.com.br/siquinelli/zoreia03.jpg)
5 - Sem a perna esquerda, como é que voizmicê faz para passar as marchas?
Para poder passar as marchas eu adaptei uma alavanca no pedal do cambio, para fazer a troca com a mão, como a embreagem também fica no lado esquerdo do guidon, passo as marchas “no tempo”.
![Imagem](http://www.icronus.com.br/siquinelli/zoreia04.jpg)
6 - Qual a principal diferença, em termos de equilíbrio, para uma pessoa sem a perna?
Quando você tem as duas pernas, não se preocupa para que lado a moto vai, já quando tem apenas uma, é obrigado sempre a pender a moto para o lado da perna. Mas com o tempo, essa ação acaba sendo automática. Salvo quando não jeito mesmo, ai é esperar o chão. “Já comprei tanto terreno que hoje posso me considerar um latifundiário”.
![Imagem](http://www.icronus.com.br/siquinelli/zoreia05.jpg)
7 - Qual a maior dificuldade que voizmicê já passou em sua vida treieira?
Você sabe que nosso esporte não é dos mais baratos, e apesar de me considerar um “latifundiário”, eu demorei um pouco até poder adquirir uma moto mais nova, com partida elétrica. Agora imagina você, a minha dificuldade para dar partida na moto (no pedal) quando o motor da magrela apaga bem no meio daquele morro de cascalho, lembrando que eu só tenho um pé para me apoiar!
8 - É verdade que você sempre cai para o lado que não tem a perna? Ou seja, se tivesse as duas pernas, certamente nunca você cairia?
Bom, é o que meus amigos dizem, mas acho que só fazem isso para tirar uma na minha cara (risos)! Mas a verdade é que como eu sempre procuro pender a moto para o lado da perna, normalmente quando eu caio também é para esse lado. Mas isso não quer dizer que eu não cairia se tivesse as duas.
9 - Qual a melhor moto de trilha que voizmicê já pilotou?
Desde que comecei no esporte, andei sempre com a mesma turma, e na turma só temos motos nacionais, acho que a melhor foi a “Toni” do nosso amigo Siquinelli, pelo menos é a mais preparadinha!
10 - Qual a moto dos seus sonhos?
Apensar de sempre estar fazendo PC e ajudando os organizadores de provas de enduro, xcountry aqui na região, eu não tenho a intenção de competir, me satisfaço totalmente fazendo minhas trilhas nos finais de semana. Mas respondendo a pergunta, entre as motos nacionais que temos a disposição hoje, eu sonho com uma Tornada.
11 - Qual a mensagem que você gostaria de passar aos treieiros do país inteiro que estão lendo esta entrevista?
Gostaria de dizer a todos os leitores, que salvo alguns casos mais graves, uma deficiência física não impossibilita a prática de esportes.
Ex. de vida: Josivaldo (zoreia)
Perguntas: Renato Furmann
Fotos: Siquinelli