Especificação dos óleos

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Rogério
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Registrado em: 12 Janeiro 2005 à03 00:49

Especificação dos óleos

Mensagem por Rogério »

Um texto esclarecedor sobre óleos para nossas toncas!
Boa leitura

PS Moderadores se postei no lugar errado favor relocar o post !

Especificações dos óleos

Este texto pretende ajudar a interpretar as especificações que são normalmente divulgadas pelos produtores de óleos e que frequentemente se apresentam inscritas nas próprias embalagens. Sendo que a gama de lubrificantes usados na indústria é muito vasta, vou remeter-me aqui, para já, aos lubrificantes mais comuns, usados tanto nos motores como nas transmissões.
Um texto como este não é naturalmente exaustivo pelo que alguns poderão achá-lo insuficiente. Também não se pretende, de forma nenhuma, assumir como literatura técnica e poderá conter algumas imprecisões que, acredito, todos gostaríamos de ver reduzidas ao mínimo.

Qual é de facto a função de um óleo de motor?

O óleo do motor tem não só a função de lubrificar as suas peças móveis (cambota, bielas, pistões, etc.) evitando o seu desgaste mas também as de arrefecer os compenentes mais quentes, manter o motor livre de depósitos e vedar os segmentos e válvulas contra a eventual passagem dos gases resultantes da combustão. Essas últimas funções são frequentemente esquecidas pelo comum dos utilizadores mas são fundamentais para a longevidade do motor a prazo.

O sistema de classificação dos lubrificantes baseia-se na determinação do seu índice de viscosidade, medido a alta temperatura no caso dos óleos monograduados e tanto a baixa como a alta temperatura no caso dos óleos multigraduados.

Numa embalagem de óleo a inscrição SAE 1OW-40, o que quer dizer o SAE?

SAE é a sigla que designa a Society of Automotive Engineers, entidade norte-americana responsável pela definição de inúmeros standards, com especial incidência na áreas da indústria automóvel, aeronáutica e naval, incluindo naturalmente as classificações da viscosidade dos óleos, tanto dos motores como das transmissões.
O sistema de classificação dos lubrificantes baseia-se na determinação do seu índice de viscosidade, medido a alta temperatura no caso dos óleos monograduados e tanto a baixa como a alta temperatura no caso dos óleos multigraduados.

O que são a viscosidade e o índice de viscosidade?

A viscosidade é a medida da resistência de um fluido ao seu próprio fluir. Existe uma unidade de medida para a viscosidade absoluta (o poise) e outra para a viscosidade cinématica (o stoke). No entanto, e como a viscosidade varia na relação inversa da temperatura, não faz muito sentido indicar um valor se não se indicar também a temperatura à qual ele foi medido.
Já o índice de viscosidade não tem unidade, uma vez que resulta da aplicação de uma fórmula que tem viscosidades tanto no numerador como no denominador e é determinado por comparação com óles cujas viscosidades a temperaturas conhecidas servem de referência. São tidas em conta as viscosidades a 40ºC e a 100ºC. No fundo, o índice de viscosidade permite indicar qual a resistência de variação da sua viscosidade face à variação de temperatura.
São necessários altos índices de viscosidade sempre que se pretende uma viscosidade relativamente constante ao longo de uma gama de temperaturas mais ou menos vasta. Num motor de automóvel, por exemplo, o óleo tem que fluir de forma relativamente livre para permitir os arranques a frio mas tem que manter uma viscosidade suficiente a quente por forma a permitir uma lubrificação adequada.

O que são óleos multigraduados?

São óleos que cumprem mais do que um grau da tabela de viscosidades e que, por isso, são adequados para uma utilização ao longo de uma gama de temperaturas mais vasta do que um óleo monograduado, ou seja, um cuja viscosidade especificada só tem esse valor a uma temperatura de referência.

E o que significa o 1OW-40?

Indica, antes de mais, que se trata de um óleo multigraduado. Depois, esses óleos têm dois valores de índice de viscosidade. Por isso, o 10W-40 significa que se trata de um óleo que tem um índice 10 a baixas temperaturas, próprias de um arranque de manhã num clima frio, e um índice 40 a altas temperaturas, indicando uma viscosidade relativa elevada para garantir a adequada protecção a temperaturas mais elevadas. O W vem do inglês Winter, indicando que, mesmo no Inverno, esse óleo garante um índice de viscosidade de 10.
Isto significa, em termos práticos que um óleo 5W-40 funciona melhor a baixas temperaturas que um 10W-40. À semelhança disto, um óleo 10W-45 também funcionará melhor que um 10W-40 a altas temperaturas.

E qual é o óleo melhor para o meu motor?

Não se pode dizer que haja um óleo mais indicado para um motor. O que se deve dizer é que há especificações mínimas que um óleo deve cumprir. E essas são as indicadas pelo fabricante do veículo. Daí para cima, todos os óleos funcionarão bem.
Aquilo que temos que garantir é que o índice de viscosidade a baixa temperatura (o da esquerda) é menor ou igual ao indicado pelo fabricante do motor e que o índice de viscosidade a alta temperatura (o da direita) é maior ou igual ao referido pelo fabricante do veículo. Por exemplo, se no manual do carro vier indicado um óleo 15W-30 só temos que garantir que lhe pomos um óleo cujas especificações não sejam maiores que 15W nem menores que -30.
É evidente que se pode dizer, genericamente, que um óleo é tanto melhor quanto mais amplo for o espectro da sua graduação. Mas, realisticamente, não vejo vantagens especiais em se utilizar um óleo que ultrapasse desnecessariamente as especificações do fabricante.

E quanto às transmissões?

Normalmente, as transmissões usam óleos minerais de alta viscosidade e longa duração. Isto aplica-se tanto aos diferenciais abertos como a muitas caixas de velocidades manuais. Nestes casos, é ainda frequente a utilização de óleos monograduados, com índices de viscosidade na casa dos 80/90. No entanto, cada vez mais a utização destes óleos vem sendo substituída pelos óleos do tipo EP, de extreme pressure e, por vezes, no caso das caixas de velocidades mecânicas, de óleos iguais aos dos motores.

O que são as classificações API?

API é a sigla que designa o American Petrolleum Institute. Esta entidade, a partir dos dados fornecidos pela SAE e pela ASTM, elabora uma outra classificação escalonando os óleos por tipos e requisitos, classificando-os como SA, SB, SC, etc. para os destinados aos motores a gasolina e como CA, CB, CC, etc. para os indicados aos motores diesel. Actualmente, quase todos os fabricantes indicam especificações do tipo SJ para os motores modernos a gasolina e de CF em diante para os motores diesel.

Qual é a diferença entre óleos minerais e sintéticos?

Designa-se por mineral um óleo que é derivado directamente do petróleo por destilação. Por sua vez, os óleos sintéticos, como o próprio nome indica, são fabricados por processos químicos de síntese que envolvem a construção artificial de moléculas a partir de diferentes componentes-base. A finalidade da obtenção de óleos sintéticos é a possibilidade de se obter uma maior estabilidade em termos de viscosidade ao longo de uma mais ampla gama de temperaturas. Note-se, no entanto, que todos os óleos, mesmo os designados como sintéticos (fully synthetic) têm sempre uma percentagem de óleos minerais. É que estes funcionam como os "transportadores" dos aditivos, que são cada vez mais frequentes em qualquer tipo de óleos, incluindo os minerais.

E os óleos semi-sintéticos?

Os óleos semi-sintéticos resultam da mistura de percentagens de óleos minerais e sintéticos. Teoricamente, deveriam ser melhores do que os óleos minerais. Na prática, nem sempre é assim, até porque uma boa parte dos óleos comercializados debaixo desta designação chegam a não ter sequer 10% de óleos sintéticos na sua composição.

E é possível misturar óleos diferentes?

É possível mas não é aconselhável. A razão principal situa-se em torno dos aditivos que, hoje em dia, todos os óleos usam e que podem ser imcompatíveis, resultando daí que se anulem ou, até, que ganhem características cumulativas de efeito imprevisível. A situação é particularmente mais complicada se estivermos em presença de óleos sintéticos ou semi-sintéticos. É que, nestes casos, os componentes de uns e outros vão por certo reagir quimicamente, provocando reacções que se podem tornar indesejáveis. Quando se pretender trocar o óleo por outro de características diferentes, o processo correcto é o de drenar completamente o óleo antigo, substituindo o respectivo filtro, e então proceder ao enchimento com o óleo novo.
TopsMan
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Registrado em: 13 Agosto 2004 à13 14:15

Mensagem por TopsMan »

ótimo texto... muito bom mesmo, parabéns Rogério =D>

Vou move-lo pra seção DICAS.


Abraço.


PS: depois vc me diz a fonte do texto que eu edito e ponho a informação no topico, ok?
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